quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Gigante Adoecido


Consegui colar a crônica.
Quando penso em "São Paulo cinzenta", logo me vem à cabeça aquela imagem que passa no "Bom dia Brasil", quando, rotineiramente a repórter informa as horas, os minutos e os segundos, a temperatura e o tempo da capital, geralmente nublado.
Em vista disso, só coloquei essa foto - que não julgo ser muito apropriada - porque foi exatamente esta que usamos (eu e o meu colega) para ilustrar o trabalho que seria entregue à professora. Nós estávamos com bastante pressa, já que "resolvemos" imprimir a crônica na mesma aula em que era para ser entregue. Pedimos permissão à professora para ir à biblioteca, recorremos ao serviço de impressão do colégio, e, por "apenas" cinquenta centavos por folha, imprimimos o trabalho correndo, e ainda tiramos dez.
No começo a professora queria que eu mudasse minha redação e colocasse mais repetições, mas ela não tinha lido direito. Bem, eu realmente achei que tinha ficado bom então mudei apenas uma vírgula ou outra. Com sorte.
Agora, chega de introduções.


Leio no jornal a notícia de que São Paulo amanheceu cinzenta. Coberta por um lençol de partículas em suspensão, liberadas por nossas atividades cotidianas, minha São Paulo amanheceu cinzenta.

Não sei o que é mais monótono: se o trânsito quilométrico, se as multidões nas ruas; só sei que vejo, numa foto de jornal, uma São Paulo que amanhece cinzenta.

Cidade exagerada: maior população, maior frota de veículos, imponentes edifícios, eventos mundiais, multinacionais - mas tudo tem seu preço. Diante de tamanha turbulência, São Paulo se fecha, emburra, reclama: tira de seus filhos o calor do Sol, esconde de todos o azul do céu, inspira a fumaça que lhe jogam na cara e, finalmente, amanhece cinzenta. "E que morram de asma, gripe, rinite - a cidade pensa - só não digam que foi Obra de Deus as minhas manhãs cinzentas".

Quando observo, da janela do meu quarto, São Paulo amanhecer cinzenta, com a sua neblina que paira sobre os prédios indefesos, suspiro e rezo para que a cidade não se enfureça, não chore de raiva pelos maus-tratos e não me lance, de suas neblinas frias, as lágrimas tóxicas que afogam pessoas e corroem monumentos, que trazem à superfície as águas do Tietê e causam doenças; que desgastam morros e viram lama - mais uma notícia corriqueira.

Enquanto não se vinga, porém, São Paulo permanece pacífica, apesar do mau-humor incurável, compatível com o de seus filhos tão atormentados pela rotina. Mesmo à tardinha, quando os vestígios do trânsito e das atividades fabris não nos deixam esquecer de que a cidade é mal-tratada, ela aguenta: boceja, tosse, e prepara-se, então, para mais uma manhã cinzenta.

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