quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Antes, estudar sete dias por semana era um hábito inquebrável para mim, diria até - acreditem - um vício. Agora, sinto que não tenho o mesmo "pique" de antes, acho a maior chateação ter que estudar todos os dias, até porque agora é por uma obrigação que me é imposta externamente, não só por mim mesma, mas pela sociedade (passar no vestibular). Principalmente porque estudei a vida toda em colégio particular.

Hoje tive um leve desentendimento com a minha mãe e fiquei pensando em um monte de coisas ruins na aula e em casa, não só em relação a ela, mas também sobre qualquer pessoa que tenha passado na minha vida. Cheguei a sonhar que no futuro viveria isolada num apartamento cheio de gatos ou cachorros, o que seria melhor do que viver entre gente, afinal - pensei - é melhor encarar a solidão do que arranjar problema com pessoas, já que lidar com o ser-humano é tão difícil. Eu realmente consigo me botar pra baixo às vezes.

Como era de se esperar, não consegui me concentrar no interessantíssimo estudo da fisiologia vegetal, então comi pra caramba e peguei meu livro "As Meninas da Esquina". É o relato do dia-a-dia de seis meninas da favela que nasceram pobres e de famílias desestruturadas, que lidam precocemente com assuntos como gravidez, prostituição, drogas e tráfico. Sempre pego esse livro quando me sinto um tanto insatisfeita, não com a vida, mas comigo mesma, pois acompanhar a luta diária dessas meninas que vivem num mundo completamente diferente do meu me faz olhar ao meu redor e perceber o quanto eu sou privilegiada e tenho pelo menos uma expectativa de futuro, e me faz querer agradecer por cada pedacinho da minha vida. Tira os meus pensamentos de mim mesma e os direciona para o que mais importa: os outros.

Uma das coisas que mais tem me impressionado neste livro é o quanto essas meninas amam as suas famílias (o que resta delas) e a confiança que elas têm em Deus, mesmo apesar de toda a vida miserável que elas levam. A vida não lhes tira a humanidade, e isso é o que eu mais admiro nas mulheres. Que me desculpem os homens, mas as mulheres são demais.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Ficar em casa é mais cômodo, mas enfrentar o mundo, no final das contas, é muito mais divertido.
Poucas vezes, nos últimos anos, eu me senti existindo, como parte de um grupo, como parte de qualquer coisa. Meu sonho agora é participar do mundo, simplesmente.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Acho lamentável o que alguns professores (meus) fazem nessa época de vestibular. Dão sermões gritando na nossa cara que vamos tomar um pau na prova, que vamos passar os próximos 5 anos fazendo cursinho, que vamos ficar na casa do papai e da mamãe até os 30, etc.
Acho que isso tem um efeito psicológico terrível, principalmente para quem já é pessimista, como eu. A mensagem que eles passam é do tipo: "Se você não passar no vestibular esse ano, vai estar ferrado pro resto da vida, vai ser um zé ninguém, vai morrer pobre, burro e miserável".
Bem, pois eu sei de gente que não completou nem o Ensino Médio e teve mais influência na sociedade do que muita gente com diploma, como Olga Benario, o Presidente Lula, Marya Hornbacher e Machado de Assis. Não posso dizer que essas pessoas não estudaram, mas sei que, em algum momento da vida delas, elas acharam que não chegariam a lugar algum. Mesmo assim, continuaram fazendo o que acreditavam ser certo, e o que acreditavam que seria o melhor a fazer.

Às vezes escrevo coisas para tentar me convencer de algo, como por exemplo, o que eu acabo de escrever sobre vestibular. Só estou tentando não me martirizar por estar estudando coisas que eu julgo importantes ao invés da matéria do vestibular, na qual não consigo me concentrar de maneira nenhuma.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

"É um erro grave acreditar que o prazer de observar e de procurar possa ser induzido pela coação ou pelo sentimento de dever.
Creio que se possa privar até mesmo um animal predador, em bom estado de saúde, de sua voracidade, ao obrigá-lo a comer quando ele não tem fome, sob a ameaça perpétua de um chicote"

Albert Einstein, sobre o sistema educacional alemão.

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