A fumaça se estende até o céu amarronzado. São cinco da tarde, e estou atrasada para mais um compromisso seriíssimo, questão de vida ou morte. A única visão que tenho há duas horas é a traseira empoeirada do carro preto à minha frente, o meu fiel companheiro nesta jornada quase diária.Começa a escurecer, e percebo as luzes dos carros e dos postes aos poucos se acendendo. É nessas horas que os saques a veículos começam a acontecer. Um menino com olhar ameaçador aproxima-se do meu carro e, antes que fale alguma coisa, entrego-lhe todo o dinheiro da minha carteira. Infelizmente, o motorista da frente não foi tão esperto quanto eu, foi esfaqueado e perdeu tudo o que havia no carro - menos o próprio carro, afinal, nem bandido iria querer enfrentar esse congestionamento.
Noite alta. É nessas horas que começam os suicídios - executivos jogam-se no Tietê com a pasta de trabalho numa mão e o cigarro na outra. Um exército de carros-fantasma se alinha pela marginal. Logo os garis chegam (a pé) e começam a empurrar os carros também rio abaixo, tornando a vida de quem ainda não desistiu - como eu - um pouco mais fácil, porém não necessariamente possível.
O indício de Sol através do manto cinzento que compõe a atmosfera de São Paulo anuncia um novo dia. Com alguns poucos quilômetros avançados, percebo que mais uma vez perdi um compromisso importantíssimo.
Quando se está há uma semana sem dormir e sem ingerir nada a não ser salgadinhos, balas e café, conseguir chegar em casa numa sexta-feira à noite torna-se uma questão de vida ou morte.

isso foi uma redação que eu fiz hoje na aula.
ResponderExcluirquando estou sem inspiração, ponho o meu inconsciente para trabalhar - o mesmo que nos "presenteia" com sonhos aparentemente tão sem sentido todas as noites.