sábado, 26 de março de 2011





No Ensino Médio, meus olhos brilhavam só de pensar numa brilhante carreira acadêmica.
Meu grande objetivo de vida era me formar com louvor em algum lugar longe da casa dos meus pais, fazer mestrado e doutorado no exterior (de preferência no Japão) e me tornar uma profissional referência no Brasil e no mundo, lutando pela causa social e gerenciando grandes projetos. Para mim, qualquer pessoa que tivesse estudado, ou lecionasse em uma universidade de renome (como USP no Brasil, Harvard nos EUA, Universidade de Tóquio no Japão) era venerada como um Deus por mim, como o ideal de ser humano que eu gostaria de me tornar.
À medida que cresci, porém, descobri que tinha limites. Que eu não era melhor do que as outras pessoas, e que não importava o quanto eu me esforçasse ou o quanto quisesse me esforçar, na vida há forças muito maiores do que você que te direcionam para caminhos para os quais você nunca imaginou que iria.
Lembro-me de uma conversa com o meu pai em que ele dizia: "Você pode até sonhar com grandes feitos e com um grande status, mas talvez Deus esteja guardando para você algo muito mais simples." Ele queria dizer que a felicidade talvez não fosse aquilo que eu pensava que era.

Hoje eu defendo a ideia de que, no dia em que você se sentir alegre fazendo, estudando, ou trabalhando em algo, aquilo é o que Deus designou para você, e você está no caminho certo.
Você está com as pessoas certas, no lugar certo, fazendo o que nasceu para fazer (ou seja, cumprindo a sua missão na Terra) e manifestando, para o bem do próximo, a personalidade que recebeu de Deus.

Hoje eu olho para os meus professores na faculdade e não sinto nada. Acho todo aquele discurso (que explicita horas e mais horas de estudo) uma chatice e me pergunto se toda aquela teoria um dia vai servir para alguma coisa, vai me auxiliar na minha tarefa de contribuir para a felicidade das pessoas. Todos eles parecem tão maravilhados com aqueles textos maçantes, com a ciência, com o raciocínio abstrato, com as questões metafísicas, com a pesquisa, enquanto eu não consigo sequer ver algum sentido nisso.
Gosto das coisas simples da vida, não gosto de textos frios, rígidos, tão objetivos que parecem ter sido escritos não por seres humanos, mas por máquinas. Gosto das emoções humanas, dos problemas do cotidiano, das funções vitais e de relacionamento, como comer, beber, conversar, interagir, fazer sexo, chorar, sentir. Não me interesso em saber quais são os mais diversos métodos de pesquisa, em como elaborar uma hipótese, em quais são as escolas psicológicas e o que elas defendiam; acho o estudo filosófico um estudo vazio, com perguntas vazias sobre questões vazias que não levam a lugar algum.
Gosto de conhecimentos práticos, e descobri que não tenho paciência alguma de ficar sentada, abstraindo. Minhas pernas são inquietas, e tenho muita energia para gastar.
Se antes eu encontrava beleza na cultura ornamental, hoje acho isso um saco.

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