quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

FORGIVE YOUR PARENTS

Tudo o que te irrita e incomoda neles não é nada comparado a tudo o que eles já fizeram (e ainda estão dispostos a fazer) por amor a você, por mais que você seja chato.

(continuação)

Nessa viagem solitária a Jurerê Internacional (que mais parece um bairro fantasma quando não está em alta temporada), procurei fazer todo o percurso que eu e a J. fizemos na minha desastrada ida à sua casa há um tempo atrás. Partindo de seu apartamento na Av. B., passando por todas aquelas casas bonitas – e inabitadas – até o Open Shopping, saindo do Open Shopping e passando pelo supermercado Imperatriz, depois o deck onde fica o Haikai (restaurante japonês onde comemos Yakisoba – ela – e Yakimeshi – eu – e tomamos nossa saqueirinha de Morango, por indicação de nossa chefe), o posto de gasolina (onde compramos chocolates twix para aliviar o efeito do álcool) e, finalmente, a praia, que estava bem mais cheia do que naquele dia, à meia-noite. Não fiz o trajeto exatamente na mesma ordem – afinal, me perdi algumas vezes no caminho – mas fiz questão de passar por cada lugar e visualizar uma baixinha de tênis adidas gasto, calça jeans e um sweater vermelho emprestado e uma menina alta, negra, de pernas longas, com um cabelo black power que se destacaria em qualquer multidão, uma calça roxa comprada na Viés – e que lhe caía muito bem – mocassins e cachecol salmão, caminhando lado a lado no escuro e contando uma à outra tudo o que haviam aprontado desde a puberdade.

Quando estava indo para a praia depois de um suco “Xô TPM” e um empanado integral de ricota e cenoura numa das únicas lojas que estavam abertas no bairro naquela segunda-feira ao meio-dia, um ônibus lotado de bonitos e sadios jovens argentinos, na casa dos 17-18 anos foi descarregado. Fiquei observando-os atentamente, tentando imaginar o quão ricos eram seus pais para mandá-los a uma viagem da Argentina para Jurerê Internacional (provavelmente uma viagem de formatura do Ensino Médio). Suas roupas e cabelos eram estilosos, e eles andavam pelas ruas com propriedade, como se já conhecessem o lugar e aquilo tudo não fosse nada de mais.

Havia trocado a calça comprida bege e o tênis careta por um short de nylon azul e chinelos, e dei algumas voltas na praia – sem saber ao certo para onde ia – com os pés na água, incomodada pela ausência de sombra naquele lugar, e pela falta que eu sentia de um chapéu, um óculos de sol e um filtro solar. Não demorei muito ali, afinal, já havia ido a todos os lugares que queria, e a praia era o Ponto Final.

Exausta pelas longas caminhadas sem direção certa sob o Sol escaldante, sentei-me no primeiro ponto de ônibus que pude encontrar. Pensei em ir ao ponto mais próximo à casa da Jamille, no qual peguei meu ônibus de volta na última visita, mas a senhora para quem havia pedido informação dizia que o ônibus que eu esperava já estava para chegar.

Depois que me sentei no ônibus e ele partiu, e vi a casa da J., mais uma vez, passar por diante dos meus olhos, chorei um pouco por ter estado (permita-me a frase feita) tão perto dela, mas tão longe ao mesmo tempo, e por ela ser a minha única amiga aqui em Floripa e por não ter “desistido” de mim e gostado de mim mesmo eu sendo um vegetal de tão tímida e uma velha de tão chata, e faltam poucos dias para eu ir embora, e só vou poder observar de longe enquanto ela se torna uma jovem cada vez mais determinada e madura – mas, tanto que ela esteja feliz, tudo bem.

Finalmente fui para uma praia de ônibus, sozinha. Arquitetei esse plano durante toda uma noite de insônia e, às seis da manhã, ele me parecia tão sedutor que me fez desistir de tentar dormir e pular da cama para arrumar as minhas coisas. Destino escolhido? Jurerê Internacional. Por razões que “a própria razão desconhece”, como diria Blaise Pascal.

Passei umas duas ou três vezes pela casa da J., olhando bem para as janelas para ver se por acaso ela não estaria debruçada numa delas, contemplando a paisagem privilegiada. Não conseguia parar de pensar nela e no A. Quando não era em um, era no outro. Mas não ousei contar a ela que iria pra lá. Só fiquei esperando que, por alguma coincidência do destino, eu a encontraria – ou a sua mãe – por lá. Mas não de propósito. Não quando ela parece não querer mais a minha presença como queria antes, quando eu fugia dela – ou de seus insistentes convites para sair. Agora que percebi o quanto gosto dela e o quanto a sua amizade é importante pra mim, me arrependo profundamente de ter dado o "bolo" nela naquelas duas vezes, no seu aniversário – bem no seu aniversário! - e quando eu já havia saído do meu emprego (no qual a conheci) e havíamos combinado de comer sushi aqui perto de casa. Fico imaginando ela toda arrumada depois de um longo dia de trabalho, me esperando na frente do restaurante enquanto eu nem dava sinal de vida.

Me desculpe, J. Que amiga covarde você foi arrumar, hein?

Uma coisa interessante que aconteceu nesse passeio é que, depois que finalmente entrei no ônibus certo para ir para Jurerê e me acomodei numa poltrona perto da porta, quem entrou no mesmo ônibus no terminal de canasvieiras e se sentou atrás de mim? O parceiro de baladas do A. – pelo menos é o que parece pelo mural do Facebook deles. Obviamente, como o cara é próximo do A., dei uma boa fuçada no perfil dele, principalmente no mural e nas fotos. Achei que ele não fazia nada e sua vida girava em torno de noitadas no El Divino e diversões nos pequenos “paraísos” dos jovens ricos da ilha, como o P12 e o Café de La Musique (ambos em Jurerê), mas pelo jeito ele trabalha, porque ouvi ele falar no celular com não sei quem sobre resolver não sei o quê lá no Il Campanario resort. Vai ver ele trabalha com eventos ou coisa do gênero.



sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Me ajude deus a melhorar. Para isso seria de grande ajuda que me tirasse as espinhas. Tenho feito minha mãe sofrer. Por que as pessoas não me deixam ficar com cara de bunda em paz? Ficam levando pro lado pessoal. Me deixem ficar depressiva em paz, esqueçam de mim. Eu sou uma inútil parasita. Tenho muita preguiça. Não quero fazer nada por que não gosto muito de viver. É sem graça. Chato e horrível. Não sei de onde as pessoas tiram tanta força para levantar e trabalhar tanto todos os dias. Todas são super-heróis pra mim. Conseguem viver. Acho que não vai fazer nenhuma diferença se eu morrer. O problema é que minha mãe vai sofrer. Vai se perguntar o que fez de errado. Ela já deve estar se perguntando isso a algum tempo. Ela não fez nada de errado. A única coisa que ela fez de errado fui eu. Eu nasci errada. Sou uma pessoa odiável. Que tem muitas mordomias na vida, mas ainda assim está sempre insatisfeita. Nunca fui feliz. Mas isso é algum crime? Eu sou obrigada mesmo a ser feliz? Ser feliz é difícil, exige muito esforço contínuo. E você sabe que eu sou preguiçosa.


sábado, 29 de outubro de 2011

Quero assistir Bob Esponja.

Minha gula é maior do que minha preguiça. Me faz levantar da cama pra comer.
I felt in love with a girl. Her name is Mayara. I say "I felt in love" but the true is that I'm "just" obssesed with her, what - I think - it's pratically the same thing. She is beautiful, has beautiful eyes, the perfect body, perfect skin, perfect everything. And she's intelligent too. And she lives by herself in BC..
Maybe I'm obssesed with her because I'm jealous, because I would like to be HER, or - at least - to be LIKE her. Her friends are cool, and beautiful. Her parents are brilliant... Her life is interesting.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011


Sempre fico um pouco desesperada à noite. É quando penso em como estou perdendo tempo; em como estou vendo a vida passar; em como só consigo olhar para o meu eu do passado (sentindo orgulho de raros momentos, vergonha de muitos) e para o meu eu do futuro, um eu satisfeito.
É um futuro que não chega nunca. É um eu magro (porque não há mais vazios a serem preenchidos por comida), sadio, bonito, ideal, cercado de amigos e pessoas importantes...


sábado, 17 de setembro de 2011





"O que deve ser feito, façamos sem demora, sem reclamações, sem desgosto.

O que deve ser dito, digamos sem cerimônia, sem hesitação.

O que deve ser expresso, expressemos sem transigências, sem inibição.

Enfim, 'Faça ao Perceber' (2º Preceito da PL)"


Do livro "Vida é Arte".





sexta-feira, 24 de junho de 2011

Muito se fala sobre "O que é Felicidade". Pois eu vou falar sobre a depressão. Depressão é

estar sem energia, sentir que não se tem força para nada, aversão a desafios, a tarefas, até mesmo a pessoas. sentir que se é um fantasma, que apenas assiste a vida passar e não participa de nada. sentir que é o único que não foi convidado para a "festa" da vida. é estar sozinho num mundo de animais sociais, que só sobrevivem em grupo.
É realmente muito chato ter milhares de pessoas legais ao seu redor e não ver graça nenhuma nelas, porque você só tem olhos para UMA, que nem sequer gosta de você.
Quer dizer, isso é RIDÍCULO.

sexta-feira, 17 de junho de 2011


Tive um mal dia hoje. Um dia improdutivo - fora o meu horário de trabalho, em que não tenho nada a fazer, a não ser trabalhar - vazio, insípido.
Tudo começou com um bolo descoberto e uma louça usada na mesa, que simplesmente estragaram o meu dia.
Quando minha mãe está viajando, eu, POR SER MULHER, fico encarregada de todas as tarefas domésticas, enquanto meus dois irmãos HOMENS ficam encarregados de... assistir TV (?) enquanto eu lavo, passo, cozinho, varro, etc etc o dia inteiro (como se eu não tivesse uma vida também). Minha família é um tanto tradicional (leia-se: meu pai trabalha fora e minha mãe é dona-de-casa).
Acordei um tanto revoltada com isso essa manhã, nunca aceitei nem nunca vou aceitar as atitudes e pensamentos machistas do meu pai e, pensando nisso, cheguei à cozinha para tomar o café da manhã quando vi um bolo com a tampa da embalagem aberta, uma xícara de café usada e um prato sujo com um guardanapo usado por cima. Eu sabia que era do meu pai. Nesta hora, a revolta tomou conta de mim e pensei: "QUEM ELE PENSA QUE EU SOU?! Empregada dele?!! Como ele quer que o filho ajude em casa se ele SEQUER tira o prato da mesa?!" Fiquei com tanta raiva que soltei um berro e taquei o prato no chão, espalhando estilhaços de falsa porcelana por todo o chão da cozinha. A ira esgota energias, e eu já estava bufando de cansaço. Sentei à mesa e pus a cabeça entre os braços um pouco. Liguei a televisão. "Talvez seja o baixo teor de açúcar no sangue" pensei, sobre a minha irritação matinal, e comecei a comer. E comi, e comi. Eu tinha de ir à academia nessa manhã, subi para mudar de roupa mas a minha barriga doía. Não queria ir me exercitar depois de comer tantas besteiras. Voltei para a cozinha, lembrando que não adiantava nada eu guardar toda aquela mágoa dentro de mim sem falar nada, sem fazer o meu pai saber que eu não concordava com as suas atitudes, então fui pegar o telefone para ligar para o trabalho dele. Com este em mãos, ensaiei mentalmente, algumas vezes, o que falaria para ele. Falaria para ele fechar os potes e embalagens de comida quando tivesse usado, falaria sobre dar exemplo para os filhos (homens), falaria também que, por ser dotado de dois braços, duas pernas e boas condições mentais, ele poderia muito bem pegar comida da geladeira à noite e esquentar no microondas para o jantar, ao invés de esperar que eu chegasse em casa às dez da noite do trabalho e ainda fizesse o jantar.
Mas a minha coragem e ousadia se esvaíram totalmente assim que eu ouvi o seu "Alô?" do outro lado da linha. Fiquei com medo da reação dele. Da resposta dele. E desliguei. Ele retornou a ligação duas vezes, mas eu rejeitei a chamada.
Varri estilhaços de prato do chão e subi para o meu quarto, deixando a cozinha desarrumada do jeito que estava. Passei o resto da manhã vendo besteiras que não acrescentam nada na internet, só olhando para o relógio, vendo que o horário do almoço estava chegando e pensando: "tenho que fazer o almoço, tenho que fazer o almoço". Mas, quando deu meio-dia, ao invés de correr para fazer alguma coisa, peguei minha mochila, dinheiro e "fugi" de bicicleta, sem ser vista por ninguém de casa. Eu queria comer alguma coisa, então fui até o shopping, chorando um pouco no caminho, me odiando profundamente por não ser capaz de arcar com minhas (?) responsabilidades, por ser uma inútil, por ser escrava do meu humor sombrio, por não ser capaz de me expressar e enfrentar o meu pai e o seu machismo. A praça de alimentação estava cheia, e morri de medo de encontrar alguém conhecido, não estava a fim de falar com ninguém, nem ser vista por ninguém de tão feia que estava, parecendo uma velha. Toda aquela gente bem vestida me intimidava, todos andando em grupos, todos parecendo tão confiantes, fazendo do almoço um horário especial. Quando estou feia e deslocada, sempre acho que todos estão olhando para mim e rindo de mim, e eu me sentia muito desconfortável no meio de toda aquela gente.
Ainda fui para o Centro de Eventos da universidade e comi uma torta enorme, que me fez sentir pesada e terrivelmente gorda. De repente eu quis estar em casa de novo, ainda tinha algum tempo antes do trabalho e queria me sentir em casa, confortável, longe de aglomerações. Meu pai e meu irmão mais velho já haviam saído, e eu nem quis olhar a cozinha para ver como as coisas estavam por lá, como eles haviam se virado no almoço.
Fiquei um tempo assistindo a videos do Jamie Oliver no YouTube e depois fui trabalhar.
Trabalhei normalmente, não queria que as minhas más vibrações afetassem o meu desempenho, ao mesmo tempo em que gostaria de falar sobre aquilo com alguém, eles são as únicas pessoas com quem tenho me relacionado nas últimas semanas. Queria chorar, mas não poderia trazer questões pessoais e existenciais ali pra dentro.
Me sinto horrível, ingrata, reclamona, e muito sozinha.

sábado, 26 de março de 2011





No Ensino Médio, meus olhos brilhavam só de pensar numa brilhante carreira acadêmica.
Meu grande objetivo de vida era me formar com louvor em algum lugar longe da casa dos meus pais, fazer mestrado e doutorado no exterior (de preferência no Japão) e me tornar uma profissional referência no Brasil e no mundo, lutando pela causa social e gerenciando grandes projetos. Para mim, qualquer pessoa que tivesse estudado, ou lecionasse em uma universidade de renome (como USP no Brasil, Harvard nos EUA, Universidade de Tóquio no Japão) era venerada como um Deus por mim, como o ideal de ser humano que eu gostaria de me tornar.
À medida que cresci, porém, descobri que tinha limites. Que eu não era melhor do que as outras pessoas, e que não importava o quanto eu me esforçasse ou o quanto quisesse me esforçar, na vida há forças muito maiores do que você que te direcionam para caminhos para os quais você nunca imaginou que iria.
Lembro-me de uma conversa com o meu pai em que ele dizia: "Você pode até sonhar com grandes feitos e com um grande status, mas talvez Deus esteja guardando para você algo muito mais simples." Ele queria dizer que a felicidade talvez não fosse aquilo que eu pensava que era.

Hoje eu defendo a ideia de que, no dia em que você se sentir alegre fazendo, estudando, ou trabalhando em algo, aquilo é o que Deus designou para você, e você está no caminho certo.
Você está com as pessoas certas, no lugar certo, fazendo o que nasceu para fazer (ou seja, cumprindo a sua missão na Terra) e manifestando, para o bem do próximo, a personalidade que recebeu de Deus.

Hoje eu olho para os meus professores na faculdade e não sinto nada. Acho todo aquele discurso (que explicita horas e mais horas de estudo) uma chatice e me pergunto se toda aquela teoria um dia vai servir para alguma coisa, vai me auxiliar na minha tarefa de contribuir para a felicidade das pessoas. Todos eles parecem tão maravilhados com aqueles textos maçantes, com a ciência, com o raciocínio abstrato, com as questões metafísicas, com a pesquisa, enquanto eu não consigo sequer ver algum sentido nisso.
Gosto das coisas simples da vida, não gosto de textos frios, rígidos, tão objetivos que parecem ter sido escritos não por seres humanos, mas por máquinas. Gosto das emoções humanas, dos problemas do cotidiano, das funções vitais e de relacionamento, como comer, beber, conversar, interagir, fazer sexo, chorar, sentir. Não me interesso em saber quais são os mais diversos métodos de pesquisa, em como elaborar uma hipótese, em quais são as escolas psicológicas e o que elas defendiam; acho o estudo filosófico um estudo vazio, com perguntas vazias sobre questões vazias que não levam a lugar algum.
Gosto de conhecimentos práticos, e descobri que não tenho paciência alguma de ficar sentada, abstraindo. Minhas pernas são inquietas, e tenho muita energia para gastar.
Se antes eu encontrava beleza na cultura ornamental, hoje acho isso um saco.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Vou me matar fácil fácil, comendo desse jeito.
É assim desde o 1º ano do Ensino Médio: toda vez que começo a estudar, começo a comer desesperadamente. Pior é que amanhã vou fazer exame de sangue.
Quando como demais e sem controle, não tenho vontade de fazer mais nada depois. Tenho medo de pôr uma calça jeans e senti-la apertando-se cada vez mais ao redor das minhas coxas. Tenho medo de me olhar no espelho e ver a minha cara inchada. Tenho medo de olhar para o exame e descobrir que estou no limite do diabetes.
Não consigo fazer nenhuma obrigação sem comida do lado. É como as pessoas que fazem as coisas fumando.
Não quero chegar ao fundo do poço como no ano passado, e eu achei que esse ano seria diferente, que quando eu entrasse na faculdade tudo mudaria, eu arranjaria amigos e não sentiria tanta fome por açúcar.
Tenho aula hoje à noite e não quero ir, mas não queria ter de dar satisfação para os meus pais. Ninguém entende quando você diz que não quer sair de casa porque "comeu demais". Porque talvez o "demais", para a maioria das pessoas, seja muito menos do que o "demais" de um comedor compulsivo.


domingo, 20 de março de 2011


Há algum tempo eu não comia desse jeito. Não estava nem um pouco com saudade disso, mas o episódio voltou com todas as forças. Talvez seja o tédio, ou a solidão.

É uma vontade avassaladora dentro da gente, que te faz dizer "dane-se" para tudo que ouvimos diariamente na televisão, como: "tenha uma dieta equilibrada, evite o excesso de açúcar e gordura...". Porque isso é o que a razão te diz, e essa tal vontade é mais forte que tudo, mais forte que você mesma.
Depois que você come tudo o que vê pela frente, e você sabe que não foi culpa sua, você até sente algum arrependimento, mas o que mais te domina é aquele sentimento de impotência, de perda de controle sobre si mesmo. O pior é saber que as pessoas mais próximas de você, as que mais deveriam te apoiar, te ouvir e tentar te ajudar não te compreendem. Elas simplesmente olham para você e dizem que isso é falta de força de vontade, e que você não se importa com a sua saúde, porque se se importasse, não comeria desse jeito.

Enquanto isso, essa tal vontade avassaladora te puxa cada vez mais para o fundo do poço, dizendo: "Coma! A vida é tão dura... Você precisa ter algum prazer de vez em quando! Você não merece ficar sofrendo com essas dietas... Um docinho não vai te fazer mal! Ser gorda não é a pior coisa do mundo..." E por aí vai.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Psicólogos

Esses tempos notei que muita gente tem um certo preconceito por psicólogos.

Quando digo que vou estudar Psicologia, já me preparo internamente para uma enxurrada de "então você vai cuidar de loucos?!", "dizem que todo psicólogo é meio doido", ou "psicólogos só tiram o nosso dinheiro e não resolvem nada".
Acho que escolhi ser psicóloga porque queria entender as pessoas profundamente, sem más interpretações que as fizessem se sentir incompreendidas, como muitas vezes nos sentimos na vida quando procuramos as pessoas erradas para falar sobre nossos problemas.

Muitos falam mal dos psicólogos, ao mesmo tempo em que chamam de "preguiçosa" ou "fresca" uma pessoa que sofre de depressão; falam que "não tem força de vontade" uma pessoa obesa que não consegue emagrecer, assim como chamam de "fraca" um viciado que não consegue largar o cigarro; falam que é "chata" ou "burra" uma criança com Distúrbio do Déficit de Atenção.

Pois se não houvesse psicólogos e médicos psiquiatras, estas pessoas estariam condenadas a sofrer solitariamente pelo resto de suas vidas, sem nada a fazer a respeito de suas desconhecidas doenças, crentes elas mesmas de que seriam "fracas", "burras" ou "frescas".
Elas sofreriam menos com as suas doenças do que com a rejeição e a incompreensão de suas condições por parte da sociedade, e, o que é pior, por parte de seus familiares e pessoas próximas.

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